TEXTOPr@tico
Redação - com objetividade, concisão e clareza
Textos
REDIGIRMelhor - Croniquetas de linguagem
Ilustração: Caneta e papel - Fonte: pixabay - Modificada
SUMÁRIO

     Apresentação
     O livro e a lição
     (Des)fazendo confusão
     Será o Benedito?...
     Palavras "cansadas de guerra" (1)
     Palavras "cansadas de guerra" (2)
     Inserido no contexto
     Palavras-ônibus

Apresentação

Croniquetas era o nome por que Artur Azevedo chamava sua extensa colaboração semanal para a revista A Estação, que circulou no Rio de Janeiro de 1878 a 1904.

 

Recorte
Fonte: “A Estação”, 15/03/1888
Artur Azevedo adotou o pseudônimo “Heloy, o herói” para assinar as “croniquetas”, que publicou de 15 de dezembro de 1885 a 30 de junho de 1903 na “Parte Literária” da revista A Estação, destinada, sobretudo, ao público feminino.
Só deixava de haver croniqueta, como Artur Azevedo escreveu em 15 de julho de 1890, por "moléstia do cronistinha". 

Fonte: As croniquetas de Artur Azevedo
Ana Cláudia Suriani da Silva -
Disponível aqui

Nessas croniquetas de linguagem vão impressões acerca da língua: livros, palavras, usos, curiosidades — em redação breve e levemente humorada.

Não esperem, nem de longe, o estilo de Azevedo — que, aliás, escrevia como se conversa: uma linguagem coloquial, cômica e observadora dos hábitos sociais da Capital da República.

Posto isso, espero que essas descoloridas croniquetas sejam do seu agrado, caro leitor.

Artur Azevedo: um dos grandes nomes do teatro brasileiro  Professor de português, jornalista, escritor, editor e tradutor, o maranhense Artur Azevedo (07/07/1855-22/10/1908) publicou contos, artigos, críticas, crônicas, teatro, poesia. Foi colega de Machado de Assis e entusiasta da fundação do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Está entre os maiores teatrólogos e contistas brasileiros.
Veja O plebiscito, um conto antológico de A. Azevedo: aqui

O livro e a lição
  Não é ideal a aula que não provoque sorrisos.
(Paulo Rónai, citado por Adriano da Gama Kury)

Um livro didático ou de divulgação de temas da língua alcança sempre melhor resultado quando escrito com leveza, amenidade e bom humor.

Assim é que hoje muitos procuram imprimir esse tom aos seus textos. E aí temos empreendimentos felizes e outros nem tanto, visto que provocar sorrisos e ensinar com qualidade ao mesmo tempo é dom de poucos. Dom, aliás, que o prof. Adriano da Gama Kury esbanja em toda a sua obra didática sobre a língua portuguesa.
 
No seu livro Para falar e escrever melhor o português (Editora Nova Fronteira), cuja primeira edição é de 1989, o prof. Kury está em plena forma e, como diz Paulo Rónai, ali ele  passeia entre as leis da língua com um sorriso bonacheirão. Mais que leis, considera-as tendências da fala e sabe que as mais insólitas de hoje poderão tornar-se regras amanhã. Dogmatismo não é com ele.
 
Há muitos livros de comentários divertidos sobre fatos da língua (erros da imprensa, fala dos políticos, gafes do dia a dia, etc.), alguns escritos por gramáticos, e outros por pessoas que conhecem a língua, mas não têm formação linguística, e, em muitos deles, se registram o mau gosto, o preconceito linguístico, a exibição vaidosa de conhecimentos linguísticos, o fundamentalismo gramatical.

Na obra citada do prof. Kury (repito incessantemente o professsor não só para realçar as qualidades do mestre, mas também por conta do seu profundo conhecimento linguístico) isso não ocorre, a demonstrar que os verdadeiros sábios da língua, alheios ao fanatismo, divergem sem condenar, pois faltam-lhe completamente o ardor bélico e o furor missionário, que caracterizam tantos gramáticos... (desta vez, parafraseando Paulo Rónai).
 
Pois bem, tendo de escolher entre obras de divulgação linguística, fique seguramente com uma das melhores: tente encontrar a do prof. Adriano da Gama Kury nem que seja para repensar o mito de que os gramáticos não escrevem bem... Ou, ao menos, para lembrar à editora de relançar o livro, porque, em meio a tantas obras semelhantes postas todos os dias no mercado, é incompreensível que Para falar e escrever melhor o português esteja fora de edição*...
 
 (*) Faça-se justiça à editora: depois que esta crônica foi escrito a Nova Fronteira laçou nova edição do livro.


Atualmente, há uma edição da Lexikon

Veja também:

     - Vídeo de Rodrigo Gurgel sobre o livro acima - aqui

(Des)fazendo confusões

O Direito é, por excelência, entre as que mais o
sejam, a ciência da palavra. Mais precisamente:
do uso dinâmico da palavra.
                       
 (Ronaldo Caldeira Xavier. Português no Direito)

 
A sorte do réu, muitas vezes, depende do emprego correto das palavras, pois o falar jurídico é peculiar.

(João Marcello de Araújo Júnior. Prof. de Direito Penal da UERJ, in A Linguagem Jurídica)

     “Para certeza do significado de uma palavra, a solução é      consultarmos o dicionário. Com essa cautela, podemos      empregar os termos na acepção correspondente à idéia que      desejamos expressar”,

ensina-nos João Luiz Ney 
[1] sobre a propriedade das palavras.
 
A busca da palavra exata deve ser, pois, constante preocupação de quem escreve. Não só a precisão das palavras, mas também a precisão  dos conceitos. É muito comum, por exemplo, a confusão entre denúncia e fato, entre indício e prova, entre versão e verdade
[2] Em matéria técnica, tributária, penal, processual, em linguagem fiscal e jurídica, enfim, a propriedade vocabular e a precisão conceitual são absolutamente indispensáveis.
 
Por isso, ao fazer uma representação, ao encaminhar um expediente, ao colher um depoimento, ao elaborar um termo, ao minutar uma decisão, ao postar uma mensagem na WEB, escolha e precise bem os termos, expressões, conceitos, de que vai fazer uso, porque em muitos casos uma inadequação vocabular pode implicar responsabilidades e trazer dissabores muito além do vernáculo...
 
Com efeito, afirma o prof. João Marcelo de Araújo Júnior, da UERJ:

Na minha Disciplina, o Direito Penal, se usarmos inadequadamente os “nomina iuris”  poderemos até delinqüir. Assim, se alguém disser a um homem: “Tenho certeza de que você foi raptado!” poderá estar, com isso, praticando o delito de injúria, porque segundo o art. 219 do Código Penal [*], no crime de rapto somente a mulher poderá ser sujeito passivo da relação criminal e, mais que isso, mulher honesta.(...)
 

Na obra citada, o prof. João Luiz Ney oferece o seguinte exemplo:
 
“O inspetor disse que sonegavam impostos.” não é, rigorosamente, o mesmo que:
 
“O inspetor revelou que sonegavam impostos.”
“O inspetor assegurou que sonegavam impostos.”
“O inspetor comunicou que sonegavam impostos.”
“O inspetor garantiu que sonegavam impostos.”
“O inspetor afirmou que sonegavam impostos.”
“O inspetor relatou que sonegavam impostos.”
 
Cada uma dessas construções expressa diferenças que advêm da substituição do vocábulo disse por seus similares.
 
É uma obviedade, mas é preciso ser redita:

 
Somente lendo, pesquisando e anotando muito é que encontramos a palavra exata, variamos as expressões, enriquecemos o vocabulário.
 
[1] (Guia de redação, 1995, p. 106)
[2] V. a crônica “Será o Benedito?...”
 

Será o Benedito?...

A linguagem técnica é objetiva e precisa, requerendo propriedade de expressão. Leva-nos ao estudo da significação dos termos, para que não os empreguemos incorretamente. A escolha das palavras deve ser rigorosa.
(Antônio Carlos Guimarães. A Redação em Auditoria Fiscal)

Não sei  bem a origem da expressão, que minha avó atribuía às tradições da meninice de São Benedito, de quem era devota, mas sempre que aprontávamos alguma coisa, ela exclamava: 
 
Será o Benedito? o que foi desta vez?!,  

pois não sabia qual era a “arte” nem quem era o “artista”.

(No dicionário de Laudelino está anotado:
Que será?! — é interjeição e equivale a talvez.)
[1]
 
Volta e meia, no exercício de certas atividades, estamos numa situação dessas. Temos indícios, denúncias, acusações, evidências, mas não temos provas, e temos de expressar essa condição, ou seja, temos de falar em tese,  marcar o talvez, assinalar dúvida, registrar a possibilidade.
 
No Manual de Redação e Estilo de O Globo
[2], Luiz Garcia em bela síntese, informa:
 
Alegado – Usa-se essa expressão cautelosa em referência a afirmações, argumentos, razões. Para pessoas, objetivos e lugares, a palavra é suposto. Assim: “A alegada inocência do suposto assassino.”

Suposto – Assim como alegado, usa-se quando necessário deixar claro que uma afirmação não está comprovada.
 
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Como se vê, na incerteza dos fatos, na ausência de provas, na fase de apuração de indícios, temos de pesar e sopesar bem as palavras, precisar bem o sentido delas, antes de fazer uma afirmação. Em qualquer caso, especialmente naquela onde houver incerteza quanto à decisão, a experiência recomenda cautela na escolha das palavras, para que o feitiço não vire contra o feiticeiro... já nos adverte Ronaldo Caldeira Xavier [2].
 
Vejamos algumas palavras acauteladoras, que indicam possibilidade, eventualidade, incerteza, e ilustremos o seu uso.

 
Acidental fortuito; imprevisto; casual; que acontece por acaso.
Casual  – que depende do acaso; que aconteceu por acaso; ocasional; fortuito; eventual; acidental.
Eventual – contingente; casual; fortuito; esporádico; que pode acontecer de vez em quando; dependente de acontecimento incerto.
Eventualidade – de evento – significa o caráter ou a condição do que é eventual, mostrando assim a possibilidade ou probabilidade do fato, cuja realização é esperada ou aguardada.
Fortuito – que sucede por acaso; inesperado; casual.
Possível – que pode ser; que pode existir; que pode acontecer; talvez.
Possibilidade – lat. possibilitas, de possibilis (possível), de posse (poder) – exprime o vocábulo a condição ou a qualidade do que é possível ou do que se pode fazer e ser feito.
Provável – que se pode provar; que pode acontecer; possível; verossímil; que tem aparência de verdade.
Potencial – relativo a potência (poder; força); virtual; que exprime possibilidade; que pode vir a ser.
Supor – estabelecer ou alegar por hipótese; conjeturar; presumir.
Suposto – hipotético; fictício.
Suposição – hipótese; conjectura.
Tese – proposição que se expõe para controvérsia.
Virtual – que é suscetível de exercer-se, embora não esteja em exercício; potencial; possível.
 
Assim, numa representação penal, num relatório de auditoria ou correição, num texto na WEB, devemos escrever:
 
            Fatos que, em tese, representam...
 
Ao encaminharmos uma denúncia para ser apurada, ao postarmos na internet, tenhamos o cuidado de esclarecer:
           
Notícias que possivelmente... (ou provavelmente, supostamente, etc.)

Fulano, supostamente teria...

O deputado XXX foi levado a depor, suspeito de crimes contra a...
 
Desse modo, fazendo uso da palavra correta e precisa, prudentemente evitamos fazer afirmações cabais, ou juízos definitivos, sobre notícias, indícios, denúncias, que ainda devem ser objeto de apuração, fiscalização, inquéritos

 
[1] Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa
     Org. Laudelino Freire – A Noite S.A. Editora, s/d

[2] O Globo – Manual de Redação e Estilo
       Org. por Luiz Garcia – Ed. Globo, 26ª edição, 1999

[3] Português no Direito (Linguagem Forense)
      Ronaldo Caldeira Xavier – Ed. Forense, RJ, 3ª edição, 1984
 

Palavras "cansadas de guerra" (1)

Lutar com palavras é a luta mais vã/Entretanto lutamos mal rompe a manhã
(Carlos Drummond de Andrade)
 

As palavras são como as facas: quando muito
 usadas perdem a afiação.
                       
  (Eduardo Galeano, escritor argentino)

É sempre louvável o esforço da pesquisa vocabular para aumentar (e variar) o vocabulário e desse modo evitar palavras e expressões já gastas. Isso torna elegante e agradável o que se escreve. [1] 

Neste espaço, pois,  vamos falar das palavras que já perderam a “afiação”, vamos tratar das palavras que já estão “cansadas de guerra” e daquelas outras — verdes, frescas, viçosas — que podem substituí-las.
 
Para estrear esta série, nada melhor do que uma aula magistral do prof. Adriano Kury 
[2]. Vejamos:
 
Entre os principiantes, é comum a repetição monótona de certos termos, o que lhes torna o estilo frouxo e inexpressivo: parecem não conhecer, p. ex., outro advérbio senão principalmente, quando poderiam variar usando particularmente, especialmente, notadamente, mormente, sobretudo, em particular, em especial.
 
Na mesma lição, prossegue o prof. Gama Kury a ensinar que a conjunção causal pois pode ser substituída por já que, uma vez que, visto que, visto como, porquanto, porque. E relembra que a locução posto que  tem sentido concessivo e significa embora, ainda que, se bem que, conquanto, e, desse modo, não pode substituir pois, com sentido causal.

Já a locução devido a , que considera sem tradição na língua, tem como sinônimos graças a, em virtude de, em razão de, em conseqüência de, por causa de.

 
De minha parte, só recomendo cuidado com a locução graças a — que, tendo o sentido de favor, benefício, mercê, deve ser usada para indicar uma causa propícia.

Assim, evite-a em expressões tais como

 
     “Graças à denúncia da contadora, o contribuinte poderá ser
     processado
.”

     “Graças ao governo, os servidores estão há 7 anos sem
     reajuste.”


     “Graças ao REDIGIRMelhorestou desaprendendo
     gramática!”

 
Nesse último caso, para não desacorçoar já no começo desses trabalhos a equipe do REDIGIRMelhor — ainda que o sentimento seja verdadeiro  convém mesmo evitar a expressão inteira, por favor!

 
[1] Ótimo exercício vocabular, com ênfase na área jurídica, mas que pode inspirar pesquisa em qualquer outra área, encontramos em Ronaldo C. Xavier (Português no Direito, p. 33-48)
[2] Para falar e escrever melhor o português - Adriano da Gama Kury - Nova Fronteira, RJ, 1989, p.261-62
 

Palavras "cansadas de guerra" (2)
Todos vimos, dias seguidos, uma jovem de belos traços e amável sorriso explicar que quem tivesse recebido “através de duas fontes” teria de preencher o complicadíssimo formulário azul do Imposto de Renda. Ora, convenhamos, “através de fonte” é dose para leão.
(Gladstone Chaves de Melo. Ainda agressões ao vernáculo)

Retomando o artigo anterior, ainda com o mestre Adriano Cury [1]leciona ele acerca da “cansadíssima” locução através de (que originariamente significa “travessia, no espaço e no tempo”), orientando que,
 
para indicar o meio ou o instrumento, devemos abandonar através de e usar mediante, por meio de, por intermédio de, com base em, valendo-se de, servindo-se de, ou simplesmente por.
 
Mas devemos dizer mais uma palavrinha sobre através de, visto que na acepção citada, após a lista de palavras substitutas que o prof. Adriano nos forneceu, raramente voltaremos a fazer uso dela...
 
Na origem, o advérbio através tem o significado de lado a lado, transversalmente. A locução prepositiva, porém, exige o “de”, que aparece em diversas outras locuções (cerca de, perto de, a título de, etc.
[2]

Assim, através de deve figurar em frases tais:
 
• Através da história...através dos anos (= no decurso de)
• O assaltante entrou através do alçapão (= por entre)
• Caminhamos através da floresta (= de lado a lado)
•  Através do dicionário e da gramática (título de um livro de Mário Barreto)
 
Embora a expressão através de seja hoje largamente utilizada e apareça autorizada em alguns dicionários [3] na significação de meio ou instrumento, não se recomenda o seu uso naquele sentido. Não por se tratar de um “erro, que, na verdade, não ocorre, mas sobretudo por uma questão estilística, já que a expressão está “batida” demais, ou, como vimos dizendo, está “cansada de guerra”...
 
 [1] Para falar e escrever melhor o português - Adriano da Gama Kury - Nova Fronteira, RJ, 1989
[2] Op. cit.
[3] Minidicionário Luft, da Ed. Ática; Minidicionário Melhoramentos, da própria.
 

Inserido no contexto (1)

Algumas expressões ou frases, de tão utilizadas e repetidas, se desgastam. Viram chavões, fórmulas prontas que empobrecem o texto e jogam contra a originalidade. 
(Manual de Comunicação SECOM/Senado Federal)

Meu avô paterno era um típico contador de causos, da tradicional escola mineira de que é símbolo o Manuelzão, do “grande sertão” de Guimarães Rosa, e tinha uma expressão muito boa, que recordo aqui. Dizia ele:
 
Às vezes, nada melhor do que umas palavras bem batidas para expressar com clareza o que queremos dizer.

Referia-se ele a palavras-síntese, a conceitos que as pessoas trazem arraigados, bastando uma leve referência para tornar à consciência fatos, lembranças, saudades.
 
Em que pese ao ensino do meu estimado “pai véio” (assim, o chamávamos - V. aqui), ao escrever, na busca da linguagem pragmática: objetiva, clara, concisa, de que nos fala o ESCREVERMelhor, devemos escoimar nossos textos de chavões, lugares-comuns, chapas e quejandos, que tanto os enfeiam — e só raramente — e em situações muito especiais —dar razão ao meu avô.
 
Para introduzir esta série, vejamos alguns dessas repetições descoloridas que vamos usando sem nos dar conta:
 
inserido no contexto
calor senegalês
colendo Conselho
de mão beijada
divisor de águas
erro gritante
efeito dominó
em pé de igualdade
fazer uma colocação
fonte inesgotável
........................

Palavras-ônibus[1]
 
 
Machado de Assis (...) praticava um vocabulário
accessível ao homem de cultura mediana, mas dificilmente se poderá substituir, em seus textos, uma palavra por outra que julguemos mais adequada.


(Sílvio Elia, Escrever bem 3)

V. Vocabulário de Machado de Assis - aqui

Como vimos no Mandamento Sentinelas da Língua, da Coletânea REDIGIRMelhor, é a língua culta a que devemos cultivar. Mas língua culta não pode ser confundida com língua arrevezada nem com o burocratês e quejandos, como está dito no mesmo Mandamento.

Assim, na linha do que escrevemos nas croniquetas Des(fazendo) confusões e Será o Benedito?..., é preciso buscar o termo mais apropriado, o mais expressivo, o mais impressivo, para cada situação ou lugar. Numa palavra: é preciso enriquecer o vocabulário, como nos ensinou antiga seção da revista Seleções, que durante anos foi assinada pelo saudoso Aurélio Buarque de Holanda [2].
 
Na luta contra  a pobreza vocabular, deve-se evitar, por exemplo, as palavras omnibus, isto é, de significação tão geral, que podem ser aplicadas a torto e a direito, sem nenhum rigor semântico: coisa, negócio, trem, história, entre outras, nos ensina Sílvio Elia [3].
 
No mesmo diapasão, o prof. ADRIANO DA GAMA KURY [4] nos previne sobre aquelas palavras, condenando o frequente uso de coisa (e seu horrível derivado coisar), negócio, troço,  “que se usam como verdadeiras gazuas: abrem qualquer porta, mesmo que às vezes tornem capenga a expressão”. E exemplifica:
 
“Depois que ele coisou o negócio, a coisa vai. Você vai ver que coisa! é um troço!”
 
Usando sinônimos apropriados — que encontrará num dicionário — você evita vexames (ia escrever ”"coisas"”...) como esse. Experimente! Eis uma amostra:
 
É uma coisa  evidente ⇒ É um fato evidente.
A visão do crepúsculo era  ...oferecia um
Uma coisa deslumbrante  Um espetáculo deslumbrante.
 
[1] palavra, quase sempre de uso coloquial, que aceita muitos significados e cujas acepções são tantas que não comportam delimitação semântica formal, assumindo sentidos diversos, de acordo com o contexto em que é usada, ou expressando ideias vagas e mais ou menos afins, em diferentes situações (ex.: legal, troço, coisa, negócio, caso) [Wikipedia]
[2] Enriqueça seu vocabulário. Seleções do Readers Digest
[3] Na Ponta da Língua - Vol. 1 - Ed. Lucerna, 2000
[4] Para falar e escrever melhor o Português - Nova Fronteira, 1989

ACGuima
Enviado por ACGuima em 02/12/2020
Alterado em 03/08/2021
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