Ilustração: Logo da Coletânea REDIGIRMelhor - A redação pessoal e profissional objetiva, concisa, clara, simples e precisa
PORTUGUÊS, UMA LÍNGUA DE CULTURA
A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
SE VOCÊ QUISER ESCREVER, ESCREVA
UM PERSONAGEM PARA MUITOS DE NÓS
Escrever corretamente é uma competência fundamental em nosso tempo. Com os recursos e ferramentas eletrônicos isso se tornou mais fácil. |
||
As palavras voam – Os escritos permanecem! |
||
Hoje falamos e escrevemos mais Na sociedade tecnológica, trabalhamos, estudamos, relacionamos e comunicamos mais. Entretanto, nossos encontros são virtuais, atuamos fora das organizações, temos aulas distantes da escola, o papel é eletrônico, a caneta virou teclado, o telefone tornou-se portátil — e é usado mais para escrever do que para falar. E por isso passamos a escrever e ler mais — e muito mais rapidamente. Há mais textos para serem escritos e lidos A cada minuto, informações, reportagens, mensagens eletrônicas, vídeos, posts, tweets, projetos, orçamentos, relatórios, textos escolares e acadêmicos são elaborados e circulam em meio magnético, numa velocidade e quantidade assombrosas. A realização dessas atividades requer comunicação curta, objetiva e clara, pois o tempo e o espaço da escrita e da fala diminuíram, e os receptores precisam rapidamente entender a mensagem.
Nossos textos estão à vista de todos Quanto aos textos, em que pese a correria da vida digital, devemos redigi-los com zelo e correção. De fato, nossos escritos não mais se escondem nos diários e arquivos, pois os meios digitais expõem e perenizam o que escrevemos. Qualquer pessoa pode pesquisar os textos pessoais, profissionais e acadêmicos que residem nas memórias virtuais da WEB. E lá estão nossos textos também, com seus defeitos e suas virtudes. Verba volant, scripta manent.
Escrever melhor é uma necessidade Por essas razões, as pessoas estão cuidando mais do que escrevem, e resumos didáticos de gramática e pontos práticos de sintaxe e de redação passaram a ser intensamente buscados nas redes eletrônicas. Nesse contexto, esta Coletânea REDIGIRMelhor pretende, com o apoio de textos virtuais e ferramentas eletrônicas — as mais simples, práticas, gratuitas e fáceis de usar —, colaborar com os usuários do site TEXTOPr@tico com:
Seja bem-vindo. |
Somos todos aprendizes, fazedores e professores.
(Richard Bach)
Feliz daquele que ensina o que sabe e aprende o que ensina.
(Cora Coralina)
Há entre mil e mil e quinhentas regras de uso da língua, nem todas apreendidas pela gramática.
(Antônio Houaiss)
Ninguém consegue observar todas as regras gramaticais, ainda quando domina a língua nos seus pormenores.
(Sérgio Bermudes)
Uma das coisas que mais profundamente distinguem a Gramática da Estilística é o conceito de erro: ao contrário do que sucede na Gramática, em Estilística não há propriamente erros, porque para os maiores desvios é achada uma determinante psicológica, natural. A Estilística tem por missão explicar, esclarecer; a Gramática sistematiza e impõe normas, muitas vezes com rigidez excessiva.
(Rodrigues Lapa)
Escevendo... estamos nos expondo à crítica implacável dos que sabem e oferecendo um exemplo aos que sabem menos do que nós. Daí a responsabilidade — mais do que isso, o dever — de escrever corretamente.
(Lago Burnett. A língua envergonhada)
Sou apaixonado estudioso da língua, e nada mais.
(Aires da Mata Machado Filho. Escrever certo)
Instrutor Guima (*)
A Coletânea REDIGIRMelhor surgiu de pequenos lembretes de língua portuguesa, de redação, de metodologia e de lógica e argumentação, ordenados e indexados, que fui elaborando para uso pessoal ao longo da vida profissional na área contábil, na atividade docente e na Administração Tributária Federal, com base em fichas de livros, recortes de jornais e revistas e anotações que fiz desde os anos da faculdade.
Com ela, não pretendo ensinar, e muito menos dar lições de português ou de redação, pois me falecem qualificações profissionais nesta seara. Sou um autodidata que busco estimular a melhoria da redação pessoal e profissional de quantos se interessarem.
Neste mundo moderno, nossos escritos estão nos espaços virtuais, à vista de milhares de leitores. Todos escrevemos nas redes sociais, no trabalho, nos bancos escolares. Para tanto, precisamos de conhecimentos básicos e autoconfiança para planejar, redigir e revisar os nossos textos.
Com a Coletânea, espero reavivar, sugerir e indicar, de modo prático e funcional, normas essenciais de linguagem que devem ser observadas nos textos que redigimos na vida pessoal (msg, tweets, posts, etc.), acadêmica (redações, textos técnicos, monografias) ou profissional (e-mails, relatórios, pareceres, etc.).
Minha prática vem de apostilas de redação e língua portuguesa que preparei para os estudos de meus filhos, de orientações redacionais que escrevi para a organização contábil em que militei, e, na Administração Tributária Federal, de textos, apostilas e treinamentos a distância na área de Redação e Língua Portuguesa que organizei: Lembr@ - Lembretes de Linguagem; Coletânea LER & ESCREVER; Série Ofício – Resumos Práticos de Português.
Ainda no serviço público, colaborei também na revisão do Manual de Redação e elaboração de atos administrativos da RFB (2009) e do Manual de elaboração de atos administrativos do CARF (2011).
Na vida profissional, como professor, contador e auditor-fiscal, elaborei artigos, apostilas e cursos. Tenho livros de memórias e de ficção publicados e mantenho dois sites:guimaguinhas.prosaeverso.net () e aprendizado espirita.net ().
Estes textos estão abertos a críticas e sugestões. Aceitarei, e assinalarei, toda revisão sugerida ou contestação de boa-fé que possam melhorá-los.
Antônio Carlos Guimarães - Organizador
(*) Ah, esqueci de dizer: — Neste espaço virtual fazemos uso de personagens para apresentar, orientar e aplicar os pontos e lições. Esse aí em cima sou eu, o Guimarães, que todos chamam de Guima, organizador da Coletânea TEXTOPr@tico. |
PORTUGUÊS - UMA LÍNGUA DE CULTURA
Língua de cultura é expressão técnica, utilizada para distinguir as línguas consideradas culturalmente mais adiantadas: as que têm literatura e instrumentos de normalização como gramática, pontuação, ortografia, etc.
O Português, sendo uma língua de cultura, tem como norma padrão, ou norma culta, a forma linguística considerada a melhor, a mais rica, a mais prática (Gladstone Chaves de Melo), que é a variedade praticada pelas pessoas escolarizadas.
Uma herança de 400 mil palavras [Há hoje no mundo 10 mil línguas] (...) Ora, essas dez mil línguas podem ser submetidas, todas, sem exceção, a um denominador comum: estruturam-se isonomicamente, isto é, são entre si comparáveis sem que nenhuma seja "melhor" do que outra, ainda que possam ser variamente classificadas por sua tipologia, sua fonação, sua morfologia, sua sintaxe, sua semantização, etc. Mas num ponto elas se distinguem, sem ambiguidades: dessas 10 mil línguas, menos de 400 têm escrita; dessas 400, menos de 100 têm alta tradição gráfica, literária, fazendo-se língua de milhões de usuários, e dessas 100 pouco mais de 10 são línguas de mais de 100 milhões de usuários, em sociedades extremamente complexas — e a "nossa" língua é uma dessas 10... Antônio Houaiss - Uma herança de 400 mil palavras [Artigo] |
Mas há outras variedades de fala e escrita surgidas no processo natural de socialização, a linguagem expressiva do povo, como aprendemos com a Linguística, que não podem ser menosprezadas.
Muito se tem escrito e discutido a respeito dos usos da língua e dos níveis de linguagem. De acordo com a classificação sociolinguística (PRETTI, 1982; GLEASON, 1978; CARVALHO, 1973), os dialetos sociais apresentam três níveis ou registros: culto (ou padrão), que obedece às normas gramaticais e emprega vocabulário rico, diversificado e, em contraposição, o popular (subpadrão), tipo de linguagem pragmática, mais voltada para a comunicação banal, quotidiana, que não leva em conta as prescrições gramaticais. Entre o culto e o popular situa-se o nível comum, difícil de ser caracterizado, pois tanto pode aproximar-se do culto, em determinadas circunstâncias, quanto do popular, em situações informais. (Sabe-se que)... os meios de comunicação de massa, a linguagem das pessoas cultas e até mesmo dos livros didáticos vêm adotando o nível mais comum de linguagem, em nome do maior alcance da comunicação. (...) Maria Margarida de Andrade. Guia de redação em Língua Portuguesa. São Paulo, Jubela Livros, 2007, P. 185 AUTORES REFERIDOS POR M. M. ANDRADE: PRETTI, Dino F. Sociolínguística: os níveis da fala. Nacional, SP, 1982 GLEASON JR. H. a. Introdução à linguística descritiva. Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1978 CARVALHO, J. G. Herculano de. Teoria da linguagem. Atlântida, Coimba, 1973, T. 1 |
Os usuários da língua, no entanto, devemos conhecer a história da língua e sua vertente considerada ideal, pois isso constitui patrimônio e herança cultural dos falantes do Português em suas diversidades dialetais (variedade regional ou social de uma língua) e socioletais (variedade usada por grupos de pessoas que têm características comuns, como, por exemplo, classe social, faixa etária, profissão etc.).
O interesse pela linguagem, além de fortalecer seu equipamento essencial de participação na sociedade, pode se transformar em um jogo, ou seja, uma aventura lúdica, enriquecedora e prazerosa. O objeto desse jogo é a língua, na qual estamos totalmente imersos. Escrever, ler e compreender os infinitos matizes da linguagem são formas muito especiais de felicidade que nossa cultura nos proporciona. Não se contente em usufruir apenas o que a distribuição perversa do capital simbólico na nossa sociedade nos concede. Queira sempre mais. LUCÍLIA H. DO CARMO GARCEZ. Técnica de Redação - O que é preciso saber para bem escrever. Martins Fontes, SP, 2001, p. 143 |
É direito constitucional do cidadão e dever do Estado dotar cada um dos brasileiros do domínio da norma padrão, pois dificilmente se faz inserção social, desenvolvimento pessoal e crescimento profissional sem essa competência.
O povo não fala errado [o indivíduo) ... tem que aprender a norma padrão, não para adaptar-se à sociedade, mas para lutar contra ela, para adquirir essa arma que os dominantes têm e que é poderosíssima. A norma padrão culta funciona como um instrumento de exercício do poder, com o qual se aniquila facilmente o indivíduo que não a domina. A escola deve ensinar essa norma padrão mas com uma atitude diferente, uma atitude de estar ensinando um instrumento de luta contra a discriminação social, um instrumento que permita ao indivíduo a participação política. (...) Magda Becker Soares. O povo não fala errado. Extraído de C. A. Faraco; C. Tezza. Prática de texto. Vozes, 1994 |
(...) os linguistas sabem que nosso idioma é muito mais amplo do que a língua escrita culta que é ensinada na escola — mas a escola sabe, mais que os linguistas, que essa é a língua que ela deve ensinar. O que a escola faz, e tem a obrigação de fazer — porque só ela pode fazê-lo de maneira progressiva e sistemática — é ensinar o futuro cidadão a se utilizar dessa forma tão especial de língua que é a língua escrita culta, cujas potencialidades espantosas aparecem na obra de nossos grandes autores. Machado de Assis, Vieira, Eça de Queirós, Nelson Rodrigues, Gilberto Freyre, cada um à sua maneira, são ótimos exemplos. É nesta língua que se cria e organiza a maior parte de nosso pensamentos e sentimentos, seja escrevendo, seja falando (pode parecer paradoxal a inclusão da fala, mas não é; há muito se distingue a língua que o indivíduo fala antes do seu letramento e a língua que ele fala depois). Todas as demais variedades são respeitáveis como fenômeno cultural e antropológico, mas não é nelas que a escola deve concentrar seus esforços. Prof. Cláudio Moreno. Que língua a escola deve ensinar? |
O uso informal, descontraído ou ultradescontraído [compartilha com o registro formal da língua]... espaços na nossa comunicação cotidiana. No âmbito da expressão escrita em geral e em certas situações de fala, entretanto, o afastamento do formal implica sanções e coerção. A tal ponto, que o seu conhecimento e domínio constituem condição relevante para a progressão na vida escolar, para o ingresso no mercado de trabalho. Além de constituir um elemento configurador de nível cultural e de qualificação social. Privilegiá-lo não significa ignorar ou diluir a funcionalidade e a representatividade dos demais, o informal e o informal ultradescontraído, que devem ser considerados sem preconceitos ou estigmatizações. Até porque não se trata de imposição, mas de escolha. (Grifamos.) Domício Proença Filho. Gramática em tom de conversa |
Veja também este artigo do prof. Sérgio Nogueira: |
O texto abaixo é para despertar em nós orgulho pela Língua Portuguesa — que também é nossa, dos brasileiros:
“É nossa língua que nos faz ocidentais, herdeiros da Grécia e de Roma, do Velho e do Novo Testamento, da cristandade, da matemática decimal, do calendário gregoriano. Ela foi usada por santos e cruzados, por navegadores, por carrascos e por vítimas da Inquisição. Quando o Brasil foi descoberto, foi nela que Pero Vaz e Caminha, o escrivão da frota, relatou o feito ao rei de Portugal; foi nela que Camões cantou seus amores e Vieira pregou na Igreja contra as invasões holandesas, falando a colonos, índios e escravos. Quem viajar pela história de nossa língua vai entender o quanto devemos ao Grego e ao Latim, vai poder avaliar a dívida cultural que temos para com os árabes, os povos indígenas e africanos e − para a surpresa de muitos − descobrir o quanto o Português contribuiu para outras línguas do mundo”. Fonte: Programa do curso “Origem e Evolução da Língua Portuguesa”, dado pelo prof. Cláudio Moreno no Instituto Ling - http://sualingua.com.br/2018/05/04/velharias/ |
Indicações bibliográficas básicas para estudo desse tema:
A Língua Portuguesa e a Unidade do Brasil
Barbosa Lima Sobrinho – José Olympio/MEC, RJ, 2ª edição, 1977
A Questão da Norma Culta Brasileira
Celso Cunha – Ed. Tempo Brasileiro, RJ, 1985
Língua Portuguesa e Realidade Brasileira
Celso Cunha – Ed. Tempo Brasileiro, RJ, 2ª edição, 1970
A Crise de Nossa Língua de Cultura
Antônio Houaiss – Ed. Tempo Brasileiro, RJ, 1ª, 1973
O Português no Brasil
Antônio Houaiss – Unibrade, RJ, 2a. edição, 1988
A Língua do Brasil
Gladstone Chaves de Melo – Col. LP/FGV, 2a. edição, 1971
A Língua do Brasil
Gladstone Chaves de Melo – Ed. Padrão, RJ, 4ª edição, 1981
A Redação Como Libertação (Curso de Extensão Universitária a Distância). Hildo Honório do Couto (Coord.) [ Paulo Freire (et al)] – Ed. UnB, Brasília, 1988
Língua e Liberdade
Pedro Celso Luft – Ed. Ática, SP, 8ª edição, 2000
Sofrendo a Gramática
Mário A. Perini – Ed. Ática, 3ª edição, 2000
Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade?
Evanildo Bechara – Editora Ática, 3a. edição, 1987
Ensino da Língua Portuguesa e Dominação – Por que não se aprende português? Sérgio Simka, Editora Musa, SP, 1a. edição, 2000
Preconceito Linguístico – O que é, Como se Faz
Marcos Bagno – Ed. Loyola, SP, 5ª edição, 2000
Dramática da Língua Portuguesa - Tradição Gramatical, Mídia e Exclusão Social. Marcos Bagno – Ed. Loyola, SP, 1ª edição, 2000
Português ou Brasileiro? Um Convite à Pesquisa
Marcos Bagno – Parábola Editorial, SP, 1a. edição, 2001
Linguagem, Escrita e Poder
Maurízio Gnerre – Ed. Martins Fontes, 4ª edição, 1998
Tradição Gramatical e Gramática Tradicional
Rosa Mattos e Silva – Ed. Contexto, SP, 3ª edição, 1996
A Língua Escrita no Brasil
Edith Pimentel Pinto – Ed. Ática, SP, 1986
Linguagem, Poder e Ensino da Língua. José Hildebrando Dacanal –
Ed. Mercado Aberto, Porto Alegre, 2ª ed., 1987
Linguagem e Ideologia
José Luiz Fiorin – Ed. Ática, SP, 4a. edição, 1995
A Cor da Língua e Outras Croniquinhas de Linguística
Sírio Possenti – Mercado de Letras, Campinas, SP, 1a. edição, 2001
Por que (não) Ensinar Gramática na Escola
Sírio Possenti – Mercado de Letras, Campinas, SP, 1a. edição, 1996
O Ensino da Língua Portuguesa – Por uma gramática do texto
Gládis Knak Rehfeldt – EDUCS, Caxias do Sul, 1981
O que é português brasileiro (Coleção Primeiros Passos). Hildo Honório do Couto – Editora Brasiliense, SP, 1986
O que é linguística (Coleção Primeiros Passos)
Eni Pulcinelli Orlandi – Editora Brasiliense, SP, 2ª. Edição, 1987
A Geografia Linguística do Brasil (Série Princípios). Silvia Figueiredo Brandão – Editora Ática, SP, s/d
Estrangeirismos – Guerras em torno da língua
Carlos Alberto Faracco (org.) – Pedro M. Garcez [et al.] Ed. Parábola, SP, 1ª. Edição, 2001
Sociolinguística e Ensino do Vernáculo. Lúcia Maria Pinheiro Lobato(coord.) – Stella Maris Bortoni-Ricardo [et al.]. Tempo Brasileiro – Revista Trimestral de Cultura – julho/dezembro 1984
Língua e Instrumentos Linguísticos (nº 8 – julho/dezembro 2001)
Eduardo Guimarães e Eni P. Orlandi (Editores) Pontes Editores, Campinas, SP, 2002
Conheça a história da Língua Portuguesa -
SE VOCÊ QUISER ESCREVER, ESCREVA
Poesia do meu amigo o poeta Machaddo Sobrinho (), que inspira estes escritos do TEXTOPr@tico.
No site PORTUGUÊSDIGITAL (), a professora Teresa Cristina dá boas lições e dicas de redação e língua portuguesa, mediante textos, vídeos, e-books e cursos on-line.
No texto abaixo, extraído do seu site, ela nos ensina como perder o medo de redação.
Destacamos no texto da prof. Teresa Cristina pontos importantes e coincidentes com os objetivos do REDIGIRMelhor.
Confira.
Você tem medo de escrever? Isso é mais comum do que pensa, é o que se chama grafofobia, mas, calma, isso tem cura. Já tratei de muitos com esse problema e obtive sucesso.
Durante anos de minha vida profissional, tenho me deparado com pessoas que dizem serem péssimas em redação e que não sabem colocar as ideias no papel, há algumas que até deixam de prestar concurso por medo da redação. E o pior é que esse medo vem desde a infância, pois, nas escolas, onde deveríamos aprender a redigir bons textos e até a gostar de escrever, é que tem início a aversão pela escrita, uma vez que muitos professores utilizam a redação como se fosse uma punição ao aluno (Você não quer prestar atenção à aula? Então saia daqui e elabore uma redação sobre a importância da escola!). E vão destruindo o gosto pela escrita e, acredite, até inibindo os estudantes a falar em público.
Assim, o ato de escrever foi se tornando um verdadeiro Bicho-papão. Isso acontece também porque a escrita diz muito sobre a pessoa que está redigindo, mostra os conhecimentos adquiridos, o nível de escolaridade, a organização das ideias e as ideologias, enfim “desnuda” o escritor diante do leitor e, para muitos, isso é um verdadeiro obstáculo.
Escrever bem sempre foi uma atividade de relevância na sociedade. Muito antes de aparecerem os computadores e, consequentemente, a Internet e as redes sociais, o que definia um bom profissional já era, além de sua competência em determinada área de conhecimento, a sua estreita familiarização com o idioma nativo, pois os conhecimentos devem ser compartilhados para garantir o desenvolvimento de qualquer sociedade. No entanto, apesar de saberem disso, muitas pessoas têm pânico ao escrever e até mesmo o envio de um e-mail pode se tornar um verdadeiro suplício.
Então, você já deve estar se perguntando: Como acabar com esse medo? O tratamento é simples. Comece com uma boa dose de leitura, pois ela lhe dará conhecimento e vocabulário, o que, certamente, implicará mais segurança para escrever. A seguir, dando continuidade ao tratamento, estude a gramática, principalmente aqueles assuntos que mais sobressaem na escrita, como a pontuação, o uso dos tempos verbais e a concordância. Depois disso, comece a fazer pequenas anotações para ir tirando os traumas, escreva sobre o que você gosta, sobre seu cotidiano e assuntos interessantes, assim, aos poucos, você vai adquirir gosto pela escrita e, quando precisar escrever sobre o que não gosta, será muito mais simples.
Pensa que acabou? Claro que não. Agora, procure ser mais objetivo em seus textos, vá direto ao assunto, pois quem fica tentando explicar muito comete mais erros. Além disso, não se esqueça de ser claro ao expor as ideias, o que é conseguido por meio da escrita na ordem direta (sujeito e predicado), que também lhe mostrará a pouca necessidade de uso das vírgulas.
Por fim, depois de acabar com a sensação de aversão ao escrever, revise seu texto e peça que um amigo de confiança o leia para ajudar a perceber seus erros. Desafie-se, seja persistente, lute contra a acomodação e com certeza seu medo de redigir será vencido. Para começar o tratamento, que tal fazer um comentário aqui embaixo? (Os grifos não são do original.)
Se quiser comentar o belo texto da professora Teresa Cristina, vá à página original, clicando
UM PERSONAGEM PARA MUITOS DE NÓS
Zé Treinando
Zé Treinando é personagem sugerido pelas dificuldades de um filho do Autor com redação e língua portuguesa; boa parte dessas dificuldades foram, infelizmente, induzidas por uma professora de português desconhecedora do seu ofício.
O personagem está no inconsciente coletivo do aluno brasileiro — muitos de nós que fomos instruídos com antiquados métodos de ensino da língua. E nesses métodos estão as causas da síndrome da inferioridade linguística — uma herança social, cultural e linguística (ou de tudo isso junto!).
Seus subprodutos são o horror à língua portuguesa e o pânico da redação, matrizes do falar e escrever amedrontado, constrangido, inseguro, envergonhado
Desse modo, Zé Treinando pode ser espelho para os que passamos por essa situação. As suas dificuldades, o seu pavor diante da folha em branco, a sua insegurança no escrever e no falar, tudo isto se faz presente, mais ou menos, em muitos que temos de redigir.
Ele representa o anseio de livrar-nos das "peias neuróticas da gramática prescritiva e da permanente fiscalização de ciosos puristas da língua", representa a nossa busca por uma linguagem correta, mas libertadora, que se traduza na autoconfiança gramatical e na autonomia redacional. Ou como está dito por estas palavras:
"A redação como libertação quer dizer: redigir sem aceitar a carapuça de incapaz, "burro" ou "mobral". Procura demonstrar que redigir é superar preconceitos, é aceitar-se como capaz. É ser livre." Fonte: Prefácio do livro "A Redação como Libertação", do Curso de Extensão Universitária da Universidade de Brasília, 1988 |
CREIO que a função principal da escola é a de desenvolver ao máximo a competência da leitura e da escrita em seus alunos.
CREIO na leitura, porque ler é conhecer ― o que aumenta consideravelmente o leque de entendimento, de opção e de decisão das pessoas em geral.
CREIO na leitura como uma reação ao texto, levando o leitor a concordar e a discordar, a decidir sobre a veracidade ou a distorção dos fatos, desmantelando estratégias verbais e fazendo a crítica dos discursos - atitudes essenciais ao estado de vigilância e lucidez de qualquer cidadão.
CREIO na escrita como instrumento de luta pessoal e social, com que o cidadão adquire um novo conceito de ação na sociedade.
CREIO que, quando as pessoas não sabem ler e escrever adequadamente, surgem homens decididos a LER e ESCREVER por elas e para elas.
CREIO que nossas possibilidades de progresso são determinadas e limitadas por nossa competência em leitura e escrita.
CREIO, por isso, que a linguagem constitui a ponte ou o arame farpado mais poderoso para dar passagem ou bloquear o acesso ao poder.
CREIO que o homem é um ser de linguagem, um animal semiológico, com capacidade inata para aprender e dominar sistemas de comunicação.
CREIO, assim, que a linguagem é um DOM, mas um DOM de TODOS, pois o poder de linguagem é apanágio da espécie humana.
CREIO que o educando pode crescer, desenvolver-se e firmar-se lingusticamente, liberando seus poderes de linguagem, através da simples exposição a bons textos.
CREIO, por isso, em Mário Quintana, que afirmou: "Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo, naturalmente."
CREIO, pois, no aluno que se ensina, no aluno como um auto/mestre, num processo de autoensino.
CREIO que o ato de escrever é, primeiro e antes de tudo, fruto do desejo de nos multiplicarmos, de nos transcendermos, e mesmo de nos imortalizarmos através de nossas palavras.
CREIO, juntamente com quem escreveu aos coríntios, que a um o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro ainda, o dom de as interpretar.
CREIO que a ti te foi dado o poder da PALAVRA.
CREIO, por isso, na tua paixão pela palavra. Para anunciar esperanças. Para denunciar injustiças. Para in(en)formar o mundo com a-vida-toda-linguagem.
PORTANTO, vem! Levanta tua voz em meio às desfigurações da existência, da sociedade: tu tens a palavra. A tua palavra. Tua voz. E tua vez.
GILBERTO SCARTON
Professor de Comunicação e Língua Portuguesa - PUCRS